Encomende um segundo coração
Título Original: A comissão chapeleira
Autora: Renata Ventura
Gênero: Literatura Infanto-juvenil.
Editora: Novo SéculoAno da publicação: 2014.
Sinopse: "Atormentados pelos crimes que cometeu em seu primeiro ano como bruxo, tudo que Hugo mais queria naquele início de 1998 era paz de espírito, para que pudesse ao menos tentar ser uma pessoa melhor. Porém, sua paz é interrompida quando uma comissão truculenta do governo invade o Rio de Janeiro, ameaçando uniformizar todo o comportamento, calar toda a dissensão, e Hugo não é o único com segredos a esconder. Para combater um inimigo inteligente e sedutor como o temido Alto Comissário, no entanto, será necessário muito mais do que apenas magia. Será preciso caráter. Mas o medo paralisa, o poder fascina, e entre lutar por seus amigos, ou lutar por si próprio, Hugo terá de enfrentar uma batalha muito maior do que imaginava. Uma batalha com sua própria consciência."
É difícil escrever sobre "A comissão chapeleira". Poderia defini-lo como um livro de fantasia que fala sobre política, subversão, a índole humana, ação e reação e outras coisinhas, utilizando bruxos adolescentes, um governo à la ditadura, um vilão daqueles, folclore e cultura afro-brasileira em 655 páginas. Mas isso não transmite toda a emoção e o idealismo contidos no livro.
A estória continua recheada da nossa cultura, encaixando lendas famosas e também mais regionais de maneira criativa na trama. Além da abordagem sociocultura, a narrativa contém temática política, mais óbvia na primeira parte do livro que apresenta até mesmo discursos partidários (fictícios,claro).
Aparecem novos cenários. O sincretismo religioso tão característico do Brasil ganha destaque na escola de magia de Salvador, o Instituto Paraguaçu, onde orixás e santos abençoam os estudantes. A escola baiana é tão incrível quanto a Korkovado, apesar de muito diferente: estabelece uma convivências mais harmônica com os azêlomas/mequetrefes (não-bruxos), a magia ensina é “espiritualizada” e merece pontos pelo memorável par de diretores que tem.
Também somos apresentados a Mefisto Bofronte, o vilão da série e olha… O cara promete (não por acaso, a autora já pretende escrever um livro só sobre ele depois que os outro três livros da série forem publicados). Bofronte é imponente, enigmático, inteligente, cruel e sedutor, confunde a todos e principalmente o Hugo em quem desperta sentimentos conflitantes de admiração e culpa. Hugo está lidando com as consequências de seus erros, tentando ser uma pessoa melhor e sente-se culpado por admirar alguém como o Alto Comissário Bofronte.
O desenvolvimento de Hugo, do primeiro livro pra cá, é notável e continua ao longo de ACC, assim como quase todas as personagens. Conhecemos mais sobre o passado e as características delas, o que as torna mais complexas do que aparentavam ser. Espero que continue assim.
Gostaria de falar de uma personagem em especial: o Capí. Ele é de uma perfeição que beira a divindade, concentra em si todos os ideais presentes na série até agora e suspeito que isso não seja à toa, o Capí tem sido muito importante para o crescimento do Hugo e para o enredo em geral, portanto acho que ainda vamos descobrir muito sobre ele.
Para terminar, vamos falar um pouco sobre a escrita da Renata. Eu particularmente estou amando a série (nem deu pra perceber né?), o modo como a autora escreve tem muito peso nisso. Não só pela criatividade demonstrada, mas pela maneira desenvolta com que os fatos são apresentados, misturados àquele suspensinho que não te deixa largar o livro, os toques de humor na hora certa e a pela forma redondinha com que tudo se encaixa. Quando peguei o livro/tijolinho para ler pensei que encontraria várias partes de enrolação desnecessária, mas não. Tudo teve importância para a trama e o que não foi usado aqui provavelmente o será em um próximo livro, como aconteceu com algumas coisas de A arma escarlate. As explicações para como as coisas acontecem e se resolvem são boas, geralmente não deixam aquele ar de “não me convenceu”. Só encontrei uma coisa que ficou totalmente perdida na trama... uma reverência a HP em dado momento, meio sem pé nem cabeça.
Embora tenha achado o primeiro livro mais cruel, por toda a realidade aplica sob à ficção, este volume também nos faz refletir. Mesmo que seja para discordar do que está sendo dito. A comissão chapeleira é um livro emocionante, que vale a pena ser lido. Mas eu aviso: Caso tenda a se envolver com as personagens e sofrer junto a elas, leve em consideração os comentários da capa e encomende um segundo coração.
Autora: Renata Ventura
Gênero: Literatura Infanto-juvenil.
Editora: Novo SéculoAno da publicação: 2014.
Sinopse: "Atormentados pelos crimes que cometeu em seu primeiro ano como bruxo, tudo que Hugo mais queria naquele início de 1998 era paz de espírito, para que pudesse ao menos tentar ser uma pessoa melhor. Porém, sua paz é interrompida quando uma comissão truculenta do governo invade o Rio de Janeiro, ameaçando uniformizar todo o comportamento, calar toda a dissensão, e Hugo não é o único com segredos a esconder. Para combater um inimigo inteligente e sedutor como o temido Alto Comissário, no entanto, será necessário muito mais do que apenas magia. Será preciso caráter. Mas o medo paralisa, o poder fascina, e entre lutar por seus amigos, ou lutar por si próprio, Hugo terá de enfrentar uma batalha muito maior do que imaginava. Uma batalha com sua própria consciência."
O desenvolvimento de Hugo, do primeiro livro pra cá, é notável e continua ao longo de ACC, assim como quase todas as personagens. Conhecemos mais sobre o passado e as características delas, o que as torna mais complexas do que aparentavam ser. Espero que continue assim.
Gostaria de falar de uma personagem em especial: o Capí. Ele é de uma perfeição que beira a divindade, concentra em si todos os ideais presentes na série até agora e suspeito que isso não seja à toa, o Capí tem sido muito importante para o crescimento do Hugo e para o enredo em geral, portanto acho que ainda vamos descobrir muito sobre ele.