Quando pintaram a Av. Paulista de Vermelho...
Título Original: Blecaute
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Gênero: Ficção Nacional / Distopia
Editora: Brasiliense / Selo Mundo
Jovem
Sinopse: A apresentação do livro
pelo autor: Este livro é inspirado no seriado americano Twilight Zone,
conhecido no Brasil por Além da Imaginação. Mas também é fruto de um sonho de
criança, desses que todo mundo já teve. Afinal, nada melhor do que ir além da
imaginação. Três amigos saem em uma expedição às cavernas. A
aventura desanda em desastre e os exploradores se vêem presos na caverna. Três ou quatro dias depois, eles conseguem emergir
da caverna para fazer uma absurda constatação: todas as pessoas à sua volta
viraram "duros", paralisados como estátuas de
plástico. Um estranho fenômeno ocorreu e os três parecem ser os únicos habitantes
vivos do planeta. Será?
"Não fico mais aflito por saber que nada sei. O que é? De quê? De onde
veio? Para onde? São perguntas cujas respostas não me interessam. O tempo não
precisa ser medido."
Uma
distopia existencialista que nos faz refletir não sobre o futuro da humanidade,
mas sobre nosso mais íntimo presente. Como narrativa construída para
aqueles que gostam do caminho percorrido e não se apegam a finais. Se este é o
seu caso, corra para ler. Suspense, mistério, ficção e romance não te deixarão
largar o livro até que chegue a ultima página.
Narrado
em primeira pessoa, o protagonista Rindu, conta sua história através de um
fluxo de consciência ligando diferentes momentos de sua vida na tentativa de desvendar um presente tão ficcional, que ele próprio custa a entender. O que
aconteceu com o mundo? O que ele está vivendo é mesmo real? As respostas que ele
encontrará irão muito além destas “simples” perguntas.
Não
há quase descrição física dos personagens no inicio, e pouco descobriremos
sobre a aparência dos personagens ao longo do livro. Encare como privação ou
presente. O autor dá preferência à descrição psicológica de seus personagens,
nos revelando aos poucos as faces complexas de pessoas comuns.
A
história tem inicio quando um pequeno grupo de quatro estudantes paulistas
decide fazer uma expedição a uma gruta/caverna no interior de São Paulo, ao
chegar ao local, um dos garotos decide ir embora, a aventura continua para os
outros dois rapazes (os inseparáveis amigos de infância Rindu e Mario) e para a
única garota na do grupo, a Martina. Uma enchente os deixa presos durante
alguns dias nesta caverna. Quando a enchente acaba, eles saem e voltam para São
Paulo.
No
caminho, percebem algo errado: as pessoas na estrada estão paralisadas e
aparentemente plastificadas! Não há sinal de catástrofes... E nem de vida
humana. O que teria acontecido durante os dias que eles estavam presos na
caverna?
Rindu,
Mário e Martina se descobrem completamente sós em São Paulo. Tentam fazer
conexão com outras pessoas pelo telefone, rádio, tevê... Nada mais funciona. A
cidade é um completo deserto decorado com estátuas humanas plastificadas....
Mario
e Martina continuam com seu relacionamento amoroso de forma conturbada e Rindu
tenta manter-se afastado dos conflitos do casal. Mas, são apenas três pessoas e
um mundo de confusões... É claro que a relação entre os três acaba construindo
novos conflitos.
Quando
se cansam (por um momento) da busca por repostas ao que chamam de “o fenômeno”
e da angústia para encontrar outros sobreviventes, o livro faz o leitor se
divertir com a ideia de se ter uma cidade, quem sabe um país, um mundo só para
você! O que você faria com tudo que herdou de uma civilização inteira?! Rindu,
Mario e Martina resolvem pinta e Av. Paulista de vermelho, explodem a antena da
Rede Globo, etc...
As
perguntas continuam ao longo do livro e te fazem questionar a liberdade, as
regras, a amizade, a solidão, o convívio social e a maior questão: o que nos
faz continuar a viver.
Escrita
em 1986, esta é uma obra atual, com uma linguagem moderna, cenário paulista te
aproxima ainda mais desta história que deve ser bem dirigida para se fazer
entender por completo. Recomendo!